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PRAZER, STEPHANIE SUERO

Prazer, me chamo Stephanie Suero e sim, esse é meu nome completo. Como você está?

Seria impossível iniciar esse espaço de troca sem antes contar um pouco sobre mim e sobre a minha história!

Atualmente, tenho 27 anos e escrevo esse texto no dia 07 de janeiro de 2022. É a primeira vez que conto a minha história desde o início e, sendo sincera, só decidi escrever esse texto porque acredito que seja um jeito de olhar pra minha caminhada com mais carinho e amor e, dessa forma, me confortar naqueles momentos em que a ansiedade bate mais forte e surgem uma série de dúvidas sobre o meu verdadeiro potencial.

Mas afinal de contas, quem é a Stephanie?

É bem difícil tentar me descrever. Sou virginiana, nasci no dia 02 de setembro de 1994 e sim: meu signo faz total sentido com a minha personalidade.

Gosto de tudo no seu devido lugar, organizado e categorizado - de preferência em pastas e post its. Sempre analiso todas as possíveis e melhores oportunidades em qualquer situação. Sou bastante observadora também. Mais do que comunicativa. Apesar de ser muito expressiva e sentir demais.


Mas sou muito mais do que os estereótipos do meu signo. Sou também a vontade de me descobrir de um jeito diferente do que já conheço.



Nasci em São Paulo, sou a filha mais velha e tenho um irmão que nasceu no mesmo dia que eu. Temos 5 anos de diferença e não, não foi planejado. Eu nasci de 6 meses e 3 semanas e ele de 9 meses.

Cresci numa casa junto com meus avós maternos. Meu avô era alfaiate e me lembro das incontáveis vezes que fiquei ao lado dele enquanto costurava. Eu pedia alguns retalhos de tecido, linhas, agulhas, giz, um dedal, uma carretilha e ficava ali. A tarde toda observando e brincando.

Inclusive, sempre observei de mais. A comunicação nunca foi meu ponto forte. Eu sempre tive muita dificuldade para falar com outras pessoas. Principalmente em lugares e situações que não tenho tanta familiaridade.


Meu irmão, Alison com 2 anos e eu com 7 anos.

Por isso, é mais confortável para mim observar. Presto atenção em todos os detalhes de tudo que acontece na minha frente e à minha volta. Por isso, desde criança tenho facilidade em aprender pelo simples fato de observar e analisar com atenção.

Acredito que seja por conta dessa timidez que eu também tenho um apreço maior por trabalhos manuais, visuais e que me possibilitam desenvolver meu lado artístico. Porque assim, encontrei jeitos diferentes e mais leves de me comunicar.

Quando criança eu amava quando a escola propunha trabalhos manuais, desenho, maquete e afins… era o meu momento de brilhar na escola. Eu e meu pai nos empenhávamos muito para criar e montar os trabalhos. A escola até pedia para ficar com as apresentações e maquetes de tão bonito que era o resultado. Me orgulho disso!


Essas memórias que compartilho são do meu momento de vida já morando no interior. Me mudei para Bragança Paulista quando tinha 7 ou 8 anos (não me lembro ao certo) e posso dizer que crescer em uma "cidade do interior" foi muito diferente da experiência que tive em São Paulo. Não levava mais 1 hora pra chegar na escola, a brincadeira na frente de casa se estendeu pelas ruas, clubes e cidade… tive muitos privilégios e uma qualidade de vida bem melhor morando no interior diante da vida que eu tinha em São Paulo.


Porém, lembro também de sentir a inquietação de viver em uma cidade pequena. Eu era rebelde, emo, ansiosa (muito ansiosa), queria sair desbravando o mundo e, desde criança, muito teimosa. O que ao mesmo tempo que é “ruim”, também é bom, pois quando coloco algo na cabeça, vou até o fim para conseguir realizar. (Logo mais vou falar sobre isso!)

Enfim, crescer no interior foi bom, mas nunca me imaginei ficando por lá. Quando tinha 11 anos, perguntavam muito na escola “O que você quer ser quando crescer?” E todas as vezes eu respondia “Quero cursar Design de Moda!”, sabendo que em algum momento eu sairia de Bragança.

Sem dúvidas, a vivência com meu avô, as referências vindas do meu pai e a minha curiosidade sobre arte me levaram à escolha desse curso. E assim, no começo de 2012, eu estava de volta à cidade de São Paulo para cursar a faculdade que tanto queria. Morando sozinha em um apartamento emprestado pela minha avó, na cidade grande, cheia de possibilidades e vivências. Estava totalmente empolgada.


Mas de onde veio a maquiagem?

Primeiramente das mulheres em minha vida (minha mãe e avós) e, em seguida, de um mix de influências que envolviam a minha curiosidade por moda, por música e, como falei ali em cima, pelo meu contato próximo com desenho e pintura.

Acho que foram poucas as vezes que vi minha mãe sair de casa sem um batom e máscara de cílios. Sempre muito vaidosa, ela nunca deixou de se cuidar e usar produtos de beleza. Já a minha avó materna, com seu cabelo chanel preto, usava batom vermelho nos lábios, nas bochechas (como blush) e um lápis preto para desenhar a sobrancelha.

Eu lembro que ela me dava os restos dos produtos para eu brincar bem discretamente - como se estivesse passando droga (risos). E, por fim, tinha a minha avó paterna, que sempre estava com o seu cabelo curtíssimo escovado para trás (branco como um algodão) e também fã de um bom batom vermelho vibrante e de esmaltes estilo o “Maçã do Amor” da Risqué.


E bom, você leu o "emo" ali em cima, né? Já observamos a primeira influência da música e internet sobre a minha vida. Na verdade, da música veio primeiro o Heavy Metal. Lembro

que meu pai tinha umas músicas baixadas no computador do Iron Maiden, Twisted Sister e similares. Então, seria impossível não querer usar maquiagem, roupas pretas e se montar depois dessas referências, né? Como eu amo!!!



E a partir dos meus 11 anos, com o acesso a internet, eu comecei a pesquisar mais sobre minhas curiosidade nas áreas de beleza, moda, música e arte, onde descobri e tive contato com as primeiras redes sociais: o Blogs, o Youtube, o Flickr, o MySpace, o Orkut e o LookBook.nu.

Por ser extremamente curiosa, a minha busca por informação sempre ocorreu de forma natural. E não foi diferente com a maquiagem. O Youtube me trouxe não só um mundo novo de conhecimento, como também um espaço de pertencimento, onde via pessoas com os gostos parecidos com os meus e fui deixando de lado aquele sentimento de ser a “estranha” da cidade do interior!

Foram muitos vídeos assistidos no Youtube, alguns produtos de maquiagem que peguei escondido da minha mãe, outros que passei a ganhar, alguns que consegui comprar e, aos poucos, comecei a colocar em prática o que aprendia nos vídeos e tutoriais.

Sempre antes de tomar banho, eu pegava um lápis de olho preto e tentava fazer um delineado gatinho ou um olho preto esfumado. Com o tempo, as linhas começaram a sair com mais precisão, os esfumados ficaram mais diluídos e, pouco a pouco, fui aprendendo.

Foi através do YouTube que eu senti um conforto em saber que existiam outras pessoas com os mesmos gostos que eu. Foi onde eu aprendi muito sobre maquiagem, sobre compartilhar histórias e, principalmente, que ali era um espaço de troca. Um espaço que, pela primeira vez, me veio a vontade de falar, de me expressar e de trocar conhecimento.

O meu canal no YT nasceu dia 31 de julho de 2010. Na época, eu estava no segundo colegial e com 15 anos de idade. Não tinha nenhum equipamento de iluminação, captação, zero conhecimento profissional de maquiagem, fotografia, edição e muito menos coragem de falar diante a câmera.

Na verdade eu tinha muita insegurança, medo, mas muita vontade de estar ali. Então, tentei deixar minha timidez de lado e fui com medo mesmo. Fui com vergonha, fui, na verdade, para um mundo que nem conhecia direito. E comecei a gravar vídeos de automaquiagem, contando como eu gostava de usar os produtos, o que era mais fácil para eu fazer na aplicação e os meus processos ao longo dos rituais de beleza.

Mas a internet já era cruel desde aquela época e tudo foi motivo de comentários maldosos! Desde a imagem do vídeo (pois gravava com a webcam do meu notebook), até a minha voz, o meu jeito de falar, o resultado da maquiagem, os produtos baratos que usava, o formato que a minha boca se movimentava, a edição… Devo ter colocado uns 10 a 15 vídeos no canal, entre vídeos de automaquiagem e como eu fazia minha unha, mas eu não consegui lidar com a forma negativa e pesada que as pessoas falavam sobre mim, sem nem me conhecer.

Com isso, decidi excluir todos os vídeos que havia publicado no canal naquela época de tanta vergonha que passei a sentir sobre mim. Sobre a minha forma e jeito de ser.

Mas eu sou teimosa! Lembra? Como eu amo uma organização e planejamento, eu coloquei metas e reorganizei o meu processo! Excluir o canal definitivamente não era uma opção, mas eu sabia que precisava e, principalmente, queria melhorar, estudar, aprender e desenvolver mais, para então, estar de volta com o canal.

No meio de 2010 até o começo 2012, eu me dediquei a estudar e aprender maquiagem com um olhar profissional, tanto através do Youtube, quanto com meu primeiro curso de automaquiagem, que rolou na perfumaria Sumirê em parceria com Marcelo Beauty.

Inclusive, além da maquiagem, foi também aí que eu comecei a me interessar cada vez mais por fotografia e estudar sobre equipamentos. E no final de 2011 fui trabalhar em uma loja de roupa no período de dezembro para juntar dinheiro e investir em produtos e equipamentos profissionais. Consegui juntar um dinheirinho e, em janeiro de 2012, fiz a minha primeira viagem para os Estados Unidos.

Fui sozinha e fiquei na casa de uma amiga da minha mãe, que morava em Dallas. Consegui investir nos produtos de maquiagem, ferramentas e a minha tão sonhada câmera semi profissional - uma Nikon D5100. Estava pronta pra mudar pra São Paulo, começar a faculdade e voltar com o canal!

Logo depois da viagem, voltei a morar em São Paulo para cursar Design de Moda - na faculdade Santa Marcelina - e, no primeiro ano da faculdade, resolvi reviver o meu canal no Youtube. Nesse momento me senti mais à vontade para compartilhar um pouco da minha paixão por beleza. Nessa época, o Youtube estava em seu auge aqui no Btasil e eu já sabia que dava pra ganhar dinheiro com canal, mas não imaginava que isso seria o início do meu desenvolvimento profissional e muito menos que eu realmente trabalharia com criação de conteúdo ou maquiagem profissional. Até então, tudo isso não passava de um hobbie.

Nesse mesmo ano, uma colega de faculdade me contou sobre a “Batalha de Make da Capricho” e falou para eu me inscrever e participar, já que as inscrições para a segunda temporada já tinham sido abertas. Na hora, eu já descartei a ideia, mas fiquei remoendo essa possibilidade, me questionando: "Se eu tenho o mínimo de chance de participar, por que não?"

Depois de alguns dias eu fiz minha inscrição, mas sem muita expectativa - na verdade sem nenhuma expectativa. Passaram mais alguns dias e, quando eu estava deitada no meio do chão da sala finalizando um trabalho da faculdade, recebi uma ligação da Capricho dizendo que sim: eu tinha entrado para a segunda temporada! Eu surtei de felicidade!

Lembrando que o canal havia voltado há apenas alguns meses e, na época (novembro de 2012), deveria ter uns 700 inscritos no canal. O Instagram então, nem existia. E lá fui eu mais uma vez me jogar pelo Youtube e, agora, participando deste concurso da Capricho.

A "Batalha de Make" funcionava assim: através de um sorteio, os participantes eram selecionados para batalhar em dupla, com um tema de beleza fornecido pela Capricho. Os participantes tinham que gravar o tutorial de maquiagem dentro do tema sugerido, editar e fazer o upload dentro do seu próprio canal no Youtube. Em seguida, o público tinha um período (por volta de uma semana) para votar quantas vezes quisesse. Avançava para o próximo desafio quem tivesse mais votos.

Eu cheguei na final, mas não ganhei. Foi o momento que eu precisava para ter um pouco mais de confiança e continuar a produzir para o meu canal. Sem falar que foi uma oportunidade e visibilidade gigantesca! De um mês para o outro, eu passei a ter mais de 3 mil seguidores no canal, várias pessoas do Brasil passaram a acompanhar o meu trabalho e me incentivaram a não parar. Acredito que foi aí que percebi que queria me dedicar realmente na produção dos vídeos e, consequentemente, na maquiagem profissional!

Através de um hobbie, vi a oportunidade e necessidade de estudar sobre beleza, moda, fotografia e audiovisual. E tudo casou perfeitamente, afinal a escolha de estudar Design de Moda na Faculdade Santa Marcelina me trouxe bagagem e conhecimento para desenvolver todo o meu trabalho de maneira profissional.

Durante os 4 anos de faculdade, eu mantive os estudos e os trabalhos com moda em paralelo à área da beleza. Foi quando me formei em meu primeiro curso de maquiagem, profissional: “Especialização de Maquiagem: Técnicas para olhos com Sadi Consati”, na Escola Madre, em 2014.

Desde o meu primeiro contato com a Madre, eu desejei fazer parte do time de educadores (mal sabia o que me aguardava no futuro) e desde 2014 eu já trabalhava com beleza social, para publicidades e ministrando cursos profissionais particulares.

Em 2016, no ano seguinte da minha graduação em Design de Moda, comecei a trabalhar como assistente de desenvolvimento de produto na Santa Lolla e, no segundo semestre do ano, tive a oportunidade (e loucura?) de mudar para Flórida, nos Estados Unidos, onde morei com uma amiga. Aline, me convidou para ir dividir a vida com ela por lá. Foi uma doideira, mas sou eternamente grata pelo convite, pela ajuda e por todos os ensinamentos e momentos que construímos juntas!

Fui sem muito planejamento. Era um sonho que eu tinha, na verdade. Hoje, eu olho mais como uma obsessão e posso contar essa história em um outro momento! Basicamente, larguei tudo aqui no Brasil… relacionamento, emprego e todas as poucas certezas que tinha na época para viver uma das experiências mais difíceis e transformadoras da minha vida.

Foi durante a Flórida que decidi criar e olhar de maneira mais séria para os meus conteúdos e, em 2016, presenciei um crescimento incrível do meu trabalho. Começaram a chegar os primeiros reconhecimentos de marcas internacionais e nacionais - como Lush, Urban Decay, Nars e Make Up For Ever - e também as minhas primeiras remunerações, onde ganhei meus primeiros dólares através do Youtube!


Foram os 5 meses mais intensos que já vivi até agora e o único objetivo era ficar por lá. Queria, de fato, viver nos Estados Unidos. Mas sem um visto de trabalho, de estudo, ou de cidadania e, principalmente, sem dinheiro (ou qualquer outra categoria legal que permita a permanência por mais tempo no país), ficou inviável, já que para mim não era aceitável ficar sem status ou ilegal por lá.

Com esses imprevistos para ficar na Flórida, voltei para o Brasil e a morar com meus pais em Bragança Paulista por alguns meses e foi um dos momentos de pausa do canal. Ter que voltar pro Brasil me abalou muito, pois passei por um processo muito cruel comigo (espero um dia estar pronta para contar essa história para vocês) e não tinha me planejado para essa volta (na verdade, nem para a ida). Então, esse período de pausa foi mais do que essencial para colocar as ideias no lugar.

Aos poucos fui voltando às atividades. Comecei a trabalhar com moda em uma marca em Bragança e senti que era o que eu precisava para me reconectar com o que me fazia bem. Foi um momento profissional que eu consegui colocar em prática todo o conhecimento adquirido durante a faculdade e durante a minha experiência anterior na Santa Lolla.

Em paralelo criei uma coleção cápsula e olhando para trás, posso perceber que essa imersão na moda foi o que me ajudou a voltar para as redes, já que muito do processo eu compartilhava no Instagram. Ali, se encerrava um ciclo de frustrações e dores a respeito do que ocorreu sobre a Flórida, me dando gás para recomeçar em São Paulo!


No segundo semestre de 2017 estava de volta à cidade grande e pude participar dos meus primeiros eventos a convite de marcas que admirava! Meu primeiro evento foi de KVD, onde conheci pessoas e profissionais que assistia nos vídeos do Youtube. Em 2017 também foi o ano que adotei Bruciliru (vulgo Bruce) e vi o quanto eu ainda podia conquistar e construir. Foi quando peguei muitas das minhas dores e comecei a ressignificar.


Em 2018, voltei por completo às minhas atividades nas redes sociais como maquiadora e tirei esse período para estudar e aprender ainda mais sobre Beleza. Assinei a beleza para a Baw Clothing pela primeira vez, ministrei curso para a minha primeira turma de alunos (de forma totalmente independente), participei de muitos eventos incríveis, assinei a primeira Beleza da Filadelfio, fiz muitas maquiagens criativas, me formei em Maquiagem Profissional na Escola Madre e finalmente dei vida à STUDIIOS!



Sempre tive dentro de mim um viés empreendedora e olho para as situações com uma visão de crescimento e desenvolvimento constante. Inicialmente, a STUDIIOS veio com o objetivo de profissionalizar ainda mais o meu trabalho e divulgar os cursos de Maquiagem Profissional que eu já vinha ministrando de forma independente.


Com isso, criei o site, o Instagram @studiios.oficial e abri as primeiras turmas de alunos. Eu queria compartilhar um pouco do meu conhecimento profissional na área e ensinar os processos que me ajudaram sobre o mundo da beleza, afinal, estudo e conhecimento são ferramentas de evolução essenciais para qualquer área, não é mesmo?


Na mesma época, a M.A.C me convidou para fazer um Workshop sobre Pele, em um evento gratuito que estava rolando na loja do Shopping Pátio Paulista, na cidade de São Paulo. Foi muito emocionante receber um convite de uma marca que eu amo, que marcou tanto a minha trajetória profissional e esteve presente desde o meu primeiro kit pro! Inclusive, obrigada a todos que estavam presentes naquele dia!


Foi um momento de vida repleto de mudanças. Foi quando comecei a me inserir cada vez mais no mercado profissional, passei a me comunicar com mais frequência, apresentar o meu trabalho sempre que possível e fazer o famoso "Networking", que é a chave para desenvolver qualquer trabalho realizado de forma independente.



Foi um trabalho de formiguinha, onde todo dia era dia de construir pelo menos mais uma pequena etapa da minha trajetória. Tudo isso com muita organização (nessas horas, agradeço bastante o meu lado virginiano). Vivi ótimos momentos de crescimento, mas também veio à tona os momentos difíceis, aqueles clássicos desafios da vida adulta que a gente se depara no caminho e percebe que faz parte do processo.


Em 2018 eu voltei a ter crises fortes de ansiedade, algo que tinha se iniciado lá em 2016, mas que ficou contido ao longo desses dois anos. Nessa época, tive uma crise onde meu corpo inteiro parou. Simplesmente travou. Eu não tinha controle sobre nenhum movimento do meu corpo, perdi a fala, a audição, a visão e, por último, não conseguia respirar.


Eu estava na estrada, dentro do carro dos meus pais, como passageira no banco de trás. Só lembro do meu pai parando o carro no acostamento e falando que já havia ligado para o resgate e que iria ficar tudo bem. Eu achei que fosse morrer!


Foi uma situação horrível. Algo que, sem dúvidas, eu nunca mais gostaria de passar. Então, busquei ajuda profissional e fiz a minha primeira sessão de terapia. Mesmo parando 4 meses depois (porque não tinha me identificado com o método da psicóloga), foi essencial para começar a respeitar o meu processo.


Com muitas reflexões, que certamente não vieram do dia para a noite, comecei a entender onde eu queria chegar com a STUDIIOS e para qual caminho eu gostaria de levar o meu trabalho. De modo geral, posso dizer que comecei a olhar com mais cuidado para os meus valores e posicionamentos.


Os primeiros cursos da STUDIIOS foram em casa, no meu segundo apartamento em São Paulo. Na verdade, eu me mudei justamente para isso! Para poder receber pessoas que quisessem estudar, trocar, desenvolver e aprender mais sobre Beleza. E foi incrível!


Os cursos podiam ser feitos de forma individual ou em dupla - até porque o apartamento era pequeno e transformei a sala de estar em uma sala de aula. Teve boa aceitação e cada vez mais pessoas interessadas. Até o momento em que tive a necessidade de fechar uma turma maior, com um espaço especial para esse curso.


Nesse momento de reorganização, planejei dois cursos em turma: um de Automaquiagem e outro de Maquiagem Profissional. Encontrei um centro especializado em cursos voltados para arte e cultura, onde aluguei o espaço para os dias em que seriam realizados os cursos. Foi muito significativo para mim ver pessoas de outras cidades vindo para estudar comigo!


No dia do curso, eu, a Bruna (@brunahuli) e a Bárbara (@babilonia) - amigas que entraram nesse projeto comigo e que me ajudaram nesse momento tão delicado - chegamos com antecedência para arrumar o espaço para o dia da aula.


Ao chegarmos lá, para o nosso grande dia, não havia ninguém para nos receber. Tentei ligar para a responsável que fechou o espaço comigo para saber o que tinha acontecido, mas demorou uns 40 min para atenderem a minha ligação.


Quando finalmente consegui resposta, me falaram que não estavam sabendo do meu curso (sendo que até ajudaram na divulgação) e que provavelmente tinha ocorrido algum erro sistêmico no qual meu curso teria sido deletado do calendário. De todo modo, a responsável informou que já estava a caminho para abrir e organizar o local.


Em meio a toda essa confusão, já havia se passado mais de uma hora desde que estávamos lá e nisso os alunos começaram a chegar. Ficamos esperando a chegada da responsável por mais uns 50 minutos, com todo o material em mãos e com fé no coração que ia dar certo. No final, quando entramos, a sala não estava preparada, nenhuma mesa estava disposta e pra piorar tinha um tatame gigante no meio da sala.


Seria impossível preparar o espaço para receber um curso da forma que eu havia planejado. Quando percebi isso, caí em lágrimas, me senti totalmente humilhada, que tudo o que eu tinha feito e corrido atrás com tanto empenho não valesse de nada. Foi horrível!


O que me tranquilizou foi o acolhimento e compreensão de todos os alunos e, mais uma vez, o amparo da Bruna e da Bárbara. Obviamente, tivemos que cancelar a aula daquele dia e reagendamos para um próximo momento, oferecendo 100% do reembolso para quem quisesse ter o investimento de volta.


O famoso “quem vê close, não vê corre”! Pois, afinal, ele é muito maior do que é compartilhado nas redes sociais.


Depois de tudo resolvido, um dos cursos que estava marcado para o final de semana seguinte finalmente se realizou e foi incrível. Já o outro curso que havia sido remarcado aconteceu em parceria com a Sephora, que entrou como uma super aliada nesse projeto e cedeu o espaço de cursos e treinamentos da loja do Shopping Cidade Jardim, fornecendo também muitos produtos e mimos para os alunos! Foi lindo!



Como trabalhava 100% sozinha, foi muito difícil seguir com os cursos em turmas na STUDIIOS. Portanto, decidi continuar apenas com os atendimentos e cursos particulares ou em duplas e sempre mantendo em paralelo os trabalhos de criação de conteúdo e maquiagem profissional. Empreender por si só não é fácil e 2019 foi um ano de muitas mudanças. Teve diversão, perrengues e até uma situação financeira bem crítica, que quase me fez desistir de tudo e voltar a morar com meus pais em Bragança Paulista.


Apesar desse turbilhão de acontecimentos, eu mantive os estudos e permaneci em contato com a Escola Madre, pois foi ali que, desde o meu primeiro curso em 2014, me senti em casa, acolhida. Fui participando das Master Class gratuitas que a Madre fazia e sempre me colocava à disposição. Afinal, eu queria que eles me notassem, pois a Madre e a Simone eram minhas maiores referências e eu tinha como objetivo entrar para o time de educadores. Ainda mais depois de tudo o que havia ocorrido.


Nesse processo de me fazer presente, de estudar bastante e de produzir conteúdos para as redes sociais, que a Madre me notou. No final de 2019, eu recebi o convite para entrar no time de educadores e, com muito orgulho e um sorriso no rosto, pude encerrar os cursos que eu fazia de forma independente na STUDIIOS.


De verdade, foi um momento de entender que tudo aquilo que eu já havia passado foi essencial para eu chegar até ali. Foi nos perrengues, que eu aprendi a respeitar e ter paciência com os processos da vida!


E quem diria… quando achei que estava tudo melhorando, em 2020 aconteceu uma pandemia e, mais uma vez, precisei me adaptar às adversidades ao meu redor. Não só eu, mas como todo mundo e todo o time da Escola Madre. E acredito que você também precisou se adaptar, né? E como foi difícil. Ainda está sendo!


Em fevereiro de 2020, sem dinheiro para continuar pagando as contas do apartamento em que eu estava, tive que tomar uma decisão: ou eu voltava para a casa dos meus pais em Bragança ou eu dividiria o aluguel com outra pessoa para diminuir custos e, dessa forma, continuar em São Paulo junto com a Escola Madre.


Bom, sou virginiana, teimosa e quando coloco algo na cabeça, vou até o fim! Mais uma vez, eu decidi arriscar. Só que não fui tão sem planejamento assim dessa vez (talvez eu tenha aprendido com o tempo, né?).


Lembram da Bruna Huli? Sim, a mesma pessoa que me ajudou e esteve comigo na situação de perrengue com o curso lá atrás, também estava trabalhando na Escola Madre (a vida é muito doida) e me indicou para a Cintia Fonseca (maquiadora maravilhosa e educadora também na Madre), que também estava procurando uma pessoa para morar junto e dividir as contas.


Nessa hora as coisas se encaixaram. Após a indicação, Cintia falou comigo e eu quase surtei porque era exatamente o que eu precisava! Ainda mais com alguém que eu já admirava e tinha um certo contato.


Marcamos um encontro e fizemos quase como uma entrevista de emprego, só que ao invés de conversar em um escritório, estávamos bebendo um litrão no bar. Saímos de lá praticamente casadas. Na verdade, ficamos mais preocupadas com a adaptação de 5 gatos do que a nossa relação. Nessa época já eram eu, Bruce e Mixele e Cintia com Bob, Grey e Lola.


Assim eu entrei na pandemia… me mudando na primeira semana de quarentena, com uma amiga que me acolheu mais que tudo, onde nos ajudamos, nos amamos e aprendemos muito uma com a outra. Bruce causou com todos os moradores daquela casa e enfrentamos esse momento de incertezas juntas. E quantas incertezas.


Em 2020, naturalmente eu acabei me distanciando da forma orgânica que criava meus conteúdos e priorizei mais as publicidades e oportunidades que me davam maior renda. Por medo de passar por mais uma crise financeira e durante um tempo de tantas incertezas eu agarrei (ou tentei agarrar) todas as oportunidades de trabalhos e projetos que apareceram. Foi um privilégio poder trabalhar tanto e preencher meu tempo em um momento daqueles.



Mas diante das minhas escolhas , o canal no Youtube entrou em pausa (mais uma vez) justamente no ano em que recebi a tão esperada placa de 100 mil seguidores do canal. Admito que esse momento foi um misto de emoções, porque, por um lado foi algo muito gratificante, mas por outro foi desesperador, pois eu já não conseguia dar conta de criar conteúdos para o Youtube - especialmente fazendo tudo sozinha.


Nesse meio tempo, trabalhei com outras produções e com alguns treinamentos para o Grupo Boticário. Tudo isso junto com o time de projetos da Madre.


E então tive a maior crise existencial da minha vida. Eu estava em modo sobrevivência, era impossível lidar com tantas coisas que naturalmente eu dava conta. Não tinha mais o lazer fora de casa, os momentos de socialização para encontrar amigos, ir em eventos e aproveitar a vida. Meu lado artístico estava também em pausa junto com minhas referências fora da casa ou da tela de um celular, estava sem minhas vivências. Tudo isso adicionado ao medo da morte que a pandemia trouxe para todos nós. 2020 me quebrou, me transformou e me fez sentir a vida totalmente diferente.


Foi o ano em que também voltei pra terapia e acho que se não fosse por isso (e pelo dinheiro que conseguir juntar), tudo teria sido ainda mais sofrido - beirando o impossível!


Tentamos nos adaptar na medida do possível. Eu, Cíntia e o time da Escola Madre. E foi quando houve a mudança de cursos presenciais para online. Corremos contra o tempo e praticamente em duas semanas a Madre se transformou em uma escola 100% online, com cursos gravados e uma plataforma específica para aulas à distância.


Foi um momento de muito trabalho e também de muito privilégio, afinal, eu poderia continuar trabalhando com algo que eu amo. Sem dúvidas, foi um período essencial e que me ajudou a passar com mais “tranquilidade” por todo o caos.


Acredito que tudo que vivi desde o começo da pandemia até agora seja válido eu contar em um outro momento, senão esse texto vira um livro e não é o objetivo aqui.


Seria impossível eu continuar sem um grande OBRIGADA a todas essas pessoas que fizeram diferença em minha vida, acreditaram em mim, no meu trabalho e me ajudaram e ser melhor. A ser essa Stephanie que está se reconectando novamente com a sua essência e com a sua arte!


Eu já havia contado a minha história por partes antes, mas escrevê-la e olhar pra minha trajetória com tanto carinho, amor e respeito certamente me ajudou a começar 2022 de forma mais leve. Ainda tenho muita história para contar! Principalmente para me fazer lembrar do que já vivi e me fazer sentir, sempre que possível, essa força que estou sentindo nesse momento.


Preparados para as próximas histórias?


Obrigada por estar aqui!

Se cuida, beijos e até logo!


Com carinho,









Texto revisado por @pecalderaro



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